Mauro Picini Socieadade + Saúde 01/09/2021

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Instituto de Curitiba integra estudo que confirma predisposição genética e imunológica às formas graves da COVID-19

A pesquisa demonstrou que as anomalias dificultam a imunidade controlada pelo interferon tipo 1, considerado a primeira barreira que protege contra infecções virais

Foto: Marieli Prestes/Hospital Pequeno Príncipe

Após mais de um ano e meio de pandemia, um estudo publicado na revista Science Immunology confirma que as formas graves da COVID-19 estão relacionadas à predisposição genética e imunológica. A descoberta faz parte das pesquisas conduzidas pelo COVID Human Genetic Effort, um projeto mundial que conta com a médica imunologista e pesquisadora Carolina Prando, do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, na diretoria internacional e coordenação de centros brasileiros.
Segundo o estudo, cerca de 10% dos casos críticos de pneumonia pela COVID-19 são causados pela presença de autoanticorpos no sangue dos pacientes. No subgrupo de casos letais, o percentual dos autoanticorpos chega a 20%. Esses anticorpos visam especificamente aos interferons tipo 1 (IFN 1), considerados essenciais na defesa do organismo em relação às infecções virais, incluindo o novo coronavírus. “Os experimentos in vitro demonstraram que esses anticorpos bloqueiam o efeito protetor dos IFN 1 na replicação viral. O vírus que desencadeia a COVID-19, portanto, entra nas células sem encontrar resistência e se multiplica de maneira descontrolada”, explica Prando. No grupo de 1.639 participantes que estavam infectados pelo vírus, porém não apresentavam sintomas da doença, não foram encontrados níveis elevados de autoanticorpos contra interferon tipo 1.
A pesquisa também avaliou mais de 34 mil indivíduos que não tiveram COVID-19 no mundo, de diferentes faixas etárias e sexo, e detectou que, embora seja raro, uma parte da população apresenta autoanticorpos direcionados contra os IFN 1. Isso sugere que os autoanticorpos sejam, de fato, a causa da COVID-19 grave em parte da população, e não um efeito subsequente à doença. Os autoanticorpos contra interferon tipo 1 são muito raros antes dos 65 anos (0,2% a 0,5%) e aumentam exponencialmente com o envelhecimento, chegando a 7% na idade de 85 anos. “Isso nos fez compreender melhor a distribuição desses autoanticorpos na população geral não infectada e contribui para explicar a influência da idade, que é um fator de risco para as formas graves da COVID-19”, completa a médica.
Ainda não há um tratamento específico para a COVID-19 e, ao mesmo tempo, o vírus permanece contaminando milhares de pessoas, com variantes mais letais. Portanto, o estudo mostra um fator de risco importante e mensurável. “Com esse conhecimento, podemos intervir precocemente. Se identificamos pacientes com autoanticorpos, pode-se considerar uma internação precoce, com nível de observação mais rigoroso, uma filtragem do plasma por meio da plasmaférese, bem como a prioridade desse grupo para a vacinação. Além disso, o estudo também tem impacto nas propostas de tratamento com plasma de convalescente, evitando coleta de pessoas que tenham apresentado quadro grave de COVID-19 ou tenham os autoanticorpos comprovadamente circulantes”, aponta.

O que são os interferons tipo 1 (IFN 1)?
São proteínas com o papel principal de ativar as defesas do organismo de forma imediata, a partir do momento em que as células do organismo são infectadas por algum vírus. “São considerados os soldados da linha de frente do nosso corpo, lutando contra os efeitos gerados por uma infecção logo quando surgem os primeiros sintomas, seja um resfriado, uma gripe ou a COVID-19”, exemplifica Prando.

Estudos do consórcio
O consórcio COVID Human Genetic Effort é liderado pelos pesquisadores Jean-Laurent Casanova, da The Rockefeller University, e Helen Su, do NIH. O projeto reúne imunologistas do mundo inteiro. Coletivamente, quatro estudos publicados pelo Human Genetic Effort desde setembro de 2020 fornecem uma explicação molecular e imunológica para cerca de 20% dos casos críticos de COVID-19, em que a produção de interferons tipo 1 está prejudicada por mutações patogênicas em genes importantes para esse processo, ou a presença de autoanticorpos neutraliza/destrói/inativa o interferon tipo 1 produzido. Essa descoberta publicada nos artigos de 2020 foi homenageada pela revista Nature em seus dez maiores avanços científicos para o ano.

Luta contra o coronavírus
A participação do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe no COVID Human Genetic Effort é uma das contribuições na luta contra o novo coronavírus. Além dessa pesquisa, a instituição participa de outros estudos relacionados à COVID-19. O Pequeno Príncipe também está preparado para esse enfrentamento na sua unidade de assistência, o maior hospital exclusivamente pediátrico do país, onde atua com a missão de promover saúde com excelência, qualidade e segurança a milhares de crianças e adolescentes.

Atletas da Serprati participam dos
Jogos Sindusfarma de maneira remota

O esporte é um importante aliado para a promoção do bem-estar físico e mental dos colaboradores da indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi. Seus atletas, que fazem parte dos times da Associação Serprati, estão de volta às competições após as suspensões devido à pandemia. De forma ainda remota, os competidores estão participando dos Jogos do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma).
São 11 modalidades esportivas, agrupadas em três partes: Física, Habilidades e E-Games. O colaborador atleta Marcelo Rodrigues da Silva participa dos Jogos Sindusfarma pelo segundo ano. Dessa vez precisou trocar a pista do atletismo por uma sala e a vibração da torcida pela concentração, afinal a disputa era pelo maior número de abdominais em um minuto. “Estávamos acostumados com os nossos colegas apoiando a gente sempre. Isso só mostra que o apoio, seja da forma que for, é sempre incentivador. Nos adaptamos e os jogos continuam sendo muito saudáveis”.
Este ano, 20 atletas representam a Prati Donaduzzi. Mesmo com as modificações, a prática esportiva estimula a saúde dos colaboradores das indústrias farmacêuticas em um momento de tantas restrições, conforme afirma a Supervisora de Responsabilidade Social Maria Rita Pozzebon. “Estamos felizes de poder compor a nossa história participando e, principalmente, representando cada colaborador, que nesses últimos meses não pararam os trabalhos, porque a saúde mais do que nunca se mostrou necessária”.
Saúde valorizada pelo colaborador e atleta da prova de Arremesso, Willian Souza da Silva, que refletiu sobre vários aspectos da vida neste período. “A pandemia mostrou que é preciso repensar vários aspectos pessoais e profissionais. Nós atletas da Serprati/Prati-Donaduzzi temos como principais características a competitividade e estamos novamente mostrando isso nos jogos online. Mudamos, mas o espírito de competir e representar a empresa da melhor maneira possível está aqui”.


Jogos Sindusfarma
A competição reúne 300 pessoas das indústrias farmacêuticas do país. No ano passado as competições foram suspensas em virtude da pandemia e dessa vez os jogos acontecem de maneira remota.
Para participar, os atletas inscritos nas categorias Física e Habilidades deverão enviar vídeos, com até um minuto de duração, registrando os exercícios realizados de acordo com as rotinas e os movimentos definidos no regulamento. Os vídeos serão analisados pela comissão organizadora dos Jogos.
Já na parte de E-Games, as competições são online com os jogadores conectados remotamente em datas estabelecidas pela organização. Haverá jogos de xadrez, poker, Counter-Strike e FIFA.
Em 2019, a Prati-Donaduzzi, teve o melhor desempenho até então nos Jogos Sindusfarma, conquistando 20 medalhas. Dessas, sete de ouro, quatro de prata e nove de bronze. “Este ano estamos ainda mais empolgados. Já estamos nos divertindo, isso é importante”, afirma Maria Rita Pozzebon.