Captação de órgãos: Bom Jesus tem 100% de taxa de conversão

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A equipe da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) da Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp) – entidade mantenedora do Hospital Bom Jesus – atua com dedicação e carinho para que mais vidas sejam salvas. O trabalho executado com comprometimento permite que o Bom Jesus seja referência na captação de órgãos e alcance taxa de 100% de conversão.

Setembro também é verde em alusão ao Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos – celebrado na data de 27 – e com o intuito de promover a conscientização sobre a importância de tratar o assunto e como esse gesto de amor pode salvar outras vidas. “É um mês de agradecer todas as famílias que aceitaram fazer a doação, os doadores, as equipes profissionais, ou seja, todos os envolvidos no processo”, pontua o diretor de enfermagem e coordenador da Cihdott do Bom Jesus Itamar Weiwanko.

De janeiro deste ano até a última terça-feira (28), a equipe realizou 16 captações múltiplas de órgãos; já em 2020, 21 famílias permitiram a doação dos órgãos. Weiwanko comenta que a pandemia trouxe desafios em todas as áreas da saúde e nesse segmento também não foi diferente; a fila de pacientes à espera de um órgão tem aumentado, enquanto as captações diminuíram.

De acordo com o diretor, o Hospital Bom Jesus também teve queda significativa nos números de doadores efetivos de famílias abordadas. Ele destaca que a pandemia interfere no sistema nacional e estadual e que todos passam pela mesma dificuldade, entretanto quem mais sofre são os pacientes que precisam de um órgão.

“No Paraná temos 2.459 pessoas na fila”, relata ao mencionar que os números são preocupantes e server de alerta para que o assunto seja mais falado, mais lembrado, mais pautado nos lares. Ele salienta que o tema é delicado, contudo, precisa ser mais divulgado para que as pessoas tenham a oportunidade de esclarecer as dúvidas.

ABORDAGEM DELICADA – Quando os familiares optam pela doação, eles têm um ato honroso que permite levar esperança de vida para algumas pessoas que estão na fila de espera. Por isso, essas famílias merecem o reconhecimento pelo ato.

Para que todo o processo ocorra de maneira adequada é fundamental a participação de profissionais habilitados. O processo de abordagem, para possível captação de órgãos, ocorre durante um momento de tristeza, por isso, os profissionais precisam estar bem preparados. É extremamente doloroso receber a notícia de que um familiar teve morte encefálica. Ao passar por essa situação o sentimento de angustia toma conta dos corações dos entes queridos e podem surgir diversas dúvidas nesse processo.

A abordagem da equipe, segundo o diretor, acontece somente após serem concluídos os protocolos pré-estabelecidos pelo Estado. O Paraná tem um dos protocolos mais rígidos em relação ao diagnóstico de morte encefálica. Somente com esse tipo de diagnostico ou de morte é que os familiares podem legalmente autorizar a doação de órgãos. Para que aconteça a captação são abordados os casos de morte cerebral (acidente vascular encefálico, tumor cerebral, trauma crânio encefálico entre outros) e após uma parada cardiorrespiratória.

A FAMÍLIA DECIDE – “Nesse processo de abordagem as dúvidas são esclarecidas, pois é importante que as famílias tenham segurança no ato da decisão”, comenta Weiwanko ao salientar que uma das perguntas feitas é se o ente querido já tinha falado sobre o desejo de ser um doador caso uma fatalidade viesse a acontecer.

Os principais impedimentos estão relacionados a falta de conhecimento sobre a vontade do ente querido e os procedimentos da captação dos órgãos. O desejo da família é respeitado. A diferença entre doar ou não doar é saber que pessoal especial partiu, mas um ‘pedacinho’ dela pode salvar outra vida.

A VIDA CONTINUA – Quando a família aceita, ocorre uma luta contra o tempo e que envolve diversos profissionais e não apenas do Hospital Bom Jesus. É acionada a rede para que as captações acontecem e que os pacientes na fila de espera estejam prontos para o transplante.

“Já são 15 anos de trabalho da Cihdott do Bom Jesus. Neste período, foram realizadas 187 captações de órgãos aqui. Até 2006, isso não acontecia em Toledo. Contar com uma equipe comprometida, sensível e ativa permite executar um trabalho de excelência que reflete em números no Estado. Estudos apontam que temos quatro vezes mais chance de precisarmos de um órgão do que sermos doadores. Doar é um ato de amor e todos os envolvidos nesse processo merecem reconhecimento”, declara.

MAIS CAPTAÇÕES

Em 2018, no Hospital Bom Jesus foram registrados 28 protocolos de atendimento. Desses, 27 famílias, mesmo sentindo a dor de perder um ente querido, viram na doação dos órgãos uma foram de manter vivo o amor e deram a chance de outras pessoas terem um recomeço de vida. Em 2017, 35 famílias passaram pelo processo de doação de órgãos ou de tecidos para transplante. Foram 18 pacientes, que após o coração ter perdido as suas funções, fizeram a doação de tecidos, córneas, valvas cardíacas e ossos. Outros 17 doadores, foram diagnosticados com morte cerebral devido alguma patologia neurológica.

MORTE ENCEFÁLICA

O Estado tem um dos protocolos mais rígidos em relação ao diagnóstico de morte encefálica. Apenas com esse tipo de diagnostico ou de morte é que os familiares podem legalmente autorizar a doação de órgãos. Para que todo o processo ocorra de maneira adequada é fundamental a participação de profissionais habilitados. Antes de atestar a morte encefálica de um paciente, alguns testes são realizados. Entre as causas mais frequentes que ocasionam a ausência de todas as funções neurológicas estão os casos de Acidente Cerebral Vascular (AVC), traumatismo, tumores, meningite e AVC isquêmico.

Da Redação

TOLEDO