Corpinho de 20? Não, obrigada!

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*Eliane Bodart

Já ouviu aquela frase, “eu queria ter meu corpinho dos 20 anos com a cabeça que tenho hoje”? Eu não queria, não. Obrigada.

Jamais faria de novo as loucuras com a mentalidade que tenho hoje e deixaria de viver experiências incríveis que só a juventude e a cabeça de vento permitiram.

Com trinta anos me casei e tive filhos. Já achei tarde, porque filhos consomem uma energia física imensa!

Com 40 anos estava completamente absorvida pelo trabalho, me dedicava dez, doze horas por dia, sábado, domingo, feriado, dia santo…

E, aos 50 anos, me deparo com a Sra. Maturidade. Não, bem, o corpinho não é o mesmo dos 20 anos, mas hoje eu sei muito bem o que fazer com ele.

Cuido dele com todo o carinho, creminhos, massagens, mãos. Sei a roupa que me cai bem, dispenso salto alto. A maturidade me deu um caso de amor comigo mesma. E isso é bom.

Filhos criados, aposentada, tenho o tempo todo para pensar em uma única pessoa: euzinha.

Sabe o que é tomar banho sem interrupções? Assistir a um filme no cinema segunda-feira à tarde? Almoçar com uma amiga? A maturidade nos dá liberdade de tempo. É de uma riqueza infinita isso.

Com o tempo sobrando, podemos pensar em trabalhar não por dinheiro exclusivamente (apesar de o dinheiro ser bom, muito bom), mas buscar nosso propósito de vida.

Com as expectativas aumentando constantemente, não estamos mais no final da vida, talvez na metade dela. O que fazer, então, com os anos que temos pela frente? As mulheres maduras que conheço estão buscando prazer, realização e plenitude.

Por este motivo, muitas mulheres nessa fase se lançam em novos projetos e empreitadas. Nunca se ouviu tanto o termo “transição de carreira”. Muitas passam a atuar em projetos sociais, assistenciais, se voltam para o encontro da religião e do eu divino.

Com 20 anos eu nem pensava no que era meditação. Aos 50 consigo meditar em fila de banco, por exemplo. A maturidade nos permite sermos pessoas melhores, mais úteis, pacientes e amáveis.

Não sejamos cínicas de dizer que estamos na “melhor idade”. As dificuldades são grandes, nosso corpo não obedece sem resistência aos nossos comandos. Temos de lidar com escolhas erradas que fizemos pelo caminho.

Mas a maturidade nos dá a opção de sermos nossa melhor versão. Não, bem, eu não gostaria de ter meu corpo de 20 anos. Prefiro ser, hoje, a minha melhor versão.

Eliane Bodart é ex-juíza de Direito, Master Love e autora de seis livros,

incluindo o lançamento “Estilo Ageless: histórias da mulher +”

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