Sexta-feira 13!

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Era uma vez, numa terra distante, uma sexta-feira 13 quando, contam as lendas, coisas inacreditáveis aconteciam naquelas paragens. Algumas insanas, outras mágicas e, entre maluquices, crendices e sandices, a população não arriscava sair sem uma proteção. Contra mal olhado é bom carregar o patuá, como cantavam as crônicas musicadas e musicais de uma nação guerreira, forte e mambembe ao mesmo tempo, onde era possível acompanhar guerreiros combatendo em outras frentes, mesmo que em carroças soltando fumaça e, da mesma forma, observar bois voando. Sim! Nesta terra quando se trata de feudos até bois voam. Inacreditável!

Mas, em se tratando de sexta-feira 13 tudo pode acontecer nesta terra estranha, de gente esquisita. Terra onde, em dias sobrenaturais como o de hoje, era possível acreditar que, sim, existe o impossível e ele está mais próximo do que se imagina. Em dias como hoje, onde energias sub-humanas parecem criar vida própria, os humanos desta terra distante entram num transe profundo, num estado de letargia que demora tanto tempo a passar que, quando se vê, eis que chega uma nova sexta-feira 13 e o efeito se mantém.

Talvez, num exercício de pura adivinhação, isso explique uma terra tão rica haver gente tão pobre. E podre! De ideais e ideais. De finanças e de espírito! Não, não é por incompetência, até porque os marcianos certa vez vieram se consultar com os habitantes desse paraíso na terra para saber como era possível haver tanta gente capacitada, a ponto de a cada novo ciclo tudo começar do zero outra vez e outra e outra e outra…

Ah, essa sexta-feira 13 que insiste em voltar, mesmo quando o calendário aponta outra data…Seria a vontade dos deuses tupiniquins ou apenas os ventos a empurrarem as naus? Seria mera obra do acaso ou incapacidade pura e simples? Enquanto as cabeças pensantes não chegam a um acordo, segue essa terra distante envolta numa névoa a ludibriar aqueles que pensam existir vida além da sexta-feira 13. Não, a cada novo dia a carga fica mais pesada e se percebe ser impossível algo diferente a não ser apenas sobreviver para se contar outra sexta.