Parceria inédita busca tornar o Paraná referência em pesquisas com células-tronco

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Aliança entre entidades de prestígio do setor visa o desenvolvimento de pesquisas e a aplicação de terapias celulares regenerativas para a longevidade

Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a população mundial está vivendo mais. Em média, são cinco anos além da expectativa atual. No Brasil, um relatório recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também apontou maior longevidade para os brasileiros, que subiu para 76,8 anos em 2020. No país, em cinco anos, a expectativa aumentou 1,3 ano, enquanto, em dez anos, houve um crescimento de 3,3 anos. Ainda dentro do estudo desenvolvido pelo instituto, em 1940, uma pessoa ao completar 50 anos, por exemplo, viveria, aproximadamente, por mais 19,1 anos. Já em 2019, a projeção de vida para alguém nessa faixa etária é de 30,8 anos. O estudo constatou que atualmente vive-se, em média, quase 12 anos mais.

O desafio para a medicina contemporânea é associar essa longevidade a melhor qualidade de vida. Deve-se levar em consideração que, quanto mais vivermos, mais chances existem do desenvolvimento de doenças degenerativas, as quais passam a responder de maneira significativa e substancial pelos índices de mortalidade. Estamos vivendo mais em relação ao que vivíamos até a metade do século passado. A questão é como lidar com as falhas que acontecem em nosso organismo”, comenta o pesquisador José Ricardo Muniz Ferreira, fundador da R-Crio Criogenia, empresa participante da aliança técnico-científica firmada com o Instituto de Tecnologia do Paraná – Tecpar.

O Tecpar é uma instituição pública que há mais de 80 anos apoia as ciências e as tecnologias para a inovação e desenvolvimento voltados para a saúde. Entre as suas principais atuações está a produção e distribuição das vacinas. Com o intuito de estabelecer o Paraná como referência em pesquisas para o desenvolvimento de produtos de bioengenharia e de terapias avançadas com o uso de células-tronco mesenquimais, o Tecpar estabeleceu uma aliança técnico-científica entre entidades de prestígio do setor. A R-Crio, a ANADEM – Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética, o Hospital IPO – Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia, o NEP – Núcleo de Ensino e Pesquisa do Hospital IPO, Blinmed Células-tronco e o ECO Medical Center estão unidos com o propósito de atender uma demanda crescente apresentada pela sociedade, que são novos pensamentos e práticas médicas voltados para as doenças degenerativas não encontrados na medicina convencional.

Segundo o diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, a partir do desenvolvimento desses produtos, é possível registrá-los junto aos órgãos regulatórios para eventualmente fornecê-los ao SUS. “O Tecpar esteve sempre conectado com as demandas da sociedade brasileira. Como laboratório público oficial, o instituto busca diversificar suas ações para fornecer novas soluções para o país na área da saúde. A terapia com células-tronco já é uma realidade e queremos, com essa parceria, viabilizar novos produtos”, afirmou.

Para Muniz Ferreira, alianças, como a estabelecida pelo Tecpar no início de dezembro, só são possíveis pelos avanços regulatórios pelos quais o Brasil tem passado. Em fevereiro de 2021, a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº RDC 505/2021, elaborada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), definiu novas regras para registros de produtos classificados como terapias avançadas (produto de terapias celulares, de terapias gênicas e de engenharia tecidual), permitindo ao país a oportunidade de novas perspectivas e mais avanços no desenvolvimento nessa área. “Não se trata de um desejo ou vaidade. A pandemia que estamos vivendo ilustra muito bem isso. A ciência não pode correr atrás; ela deve estar à frente. A promoção da saúde deve ser possível a todos, seja pela iniciativa privada ou pela iniciativa pública! As duas são legítimas”, argumenta.

O Brasil está na vanguarda das pesquisas e estudos clínicos com células-tronco mesenquimais para as mais diversas finalidades na medicina. Essas células-tronco, segundo os especialistas, são valiosas porque podem dar origem a uma grande variedade de outras iguais a elas com capacidade de se diferenciar em outros tecidos (adiposo, ósseo e cartilaginoso) e de regular o sistema imune ao redor, tornando o ambiente mais propício para os “reparos”.  

“Quando congeladas, a idade biológica das células-tronco é paralisada, permitindo que, no futuro, caso haja necessidade de uso, o tempo da célula será correspondente ao da época da coletada, preservando o potencial regenerativo. Uma criança, por exemplo, quando quebra o braço, tem a recuperação bastante acelerada. No entanto, o mesmo não acontece com um idoso. Por esse motivo, guardar células-tronco jovens é uma maneira de preservar esse potencial. Hoje, crianças, adultos e idosos podem coletar células-tronco da polpa dos dentes, céu da boca e também do tecido adiposo. Esse armazenamento é uma espécie de seguro de saúde para toda a vida”, finaliza Muniz Ferreira.

Da Assessoria