Hepatites virais: a importância do diagnóstico precoce e comprometimento com o tratamento

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O Julho Amarelo também é o mês de combate as hepatites virais. Na data de 28 de julho é comemorado o Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais. Na área de abrangência da 20ª Regional de Saúde, o Centro de Testagem e Aconselhamento/ Serviço de Atendimento Especializado (CTA/SAE), do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar), é unidade referência de atendimento aos pacientes diagnosticados com a doença.

“As hepatites virais se colocam como grave problema de saúde pública e, por isso, o mês de julho é voltado para o desenvolvimento de ações de prevenção, diagnóstico e tratamento dessa doença, sendo o diagnóstico precoce e o tratamento adequado os principais objetivos das ações, com o intuito de melhorar a expectativa de vida dos pacientes, diminuir a proliferação de contagio e evitar danos secundários como as fibroses hepáticas, entre outras condições que podem levar o paciente a morte”, destaca a psicóloga do CTA/SAE, Maiara Graziella Nardi.

Dados do CTA/SAE apontam que em 2019, foram diagnosticados 101 novos casos de hepatite B e 27 com hepatite C; já em 2019, foram 66 com a B e 16 com a C e, neste ano, 29 com a B e 4 com a C. O perfil do paciente é composto de 70 a 75% por homens e com faixa etária de 30 a 60/70 anos.

“O CTA/SAE oferece aos pacientes a testagem para os familiares e pacientes, se necessário, exames de PCR – carga viral da hepatite – cadastro, atendimento e encaminhamento psicológico; cadastro de atendimento e encaminhamento de serviço social, atendimento e encaminhamentos médicos, dispensação, cadastro e orientações sobre as medicações pela farmácia. Além disso, realiza o encaminhamento para biópsia hepática na Uopeccan”, esclarece.

ABANDONO DO TRATAMENTO – Maiara destaca que o Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais também deve servir de alerta para os casos de abandono do tratamento. Ela pontua que o período envolve um elevado número de pacientes que deixaram o tratamento e isso coloca o setor em alerta, pois são pessoas que podem ter complicações de saúde em decorrência do vírus, bem como transmitir para outras pessoas, por falta de tratamento.

A profissional declara que diante das situações de abandono é realizada a triagem para verificação se de fato ocorreu o abandono ou se o paciente transferiu o tratamento e não comunicou o CTA/SAE. Nos casos constatados de abandono, a equipe faz diversas tentativas de ligações para os pacientes, além disso, é comunicado o setor de epidemiologia de origem para verificar atualizações sobre o paciente. Ao conseguir o contato, os profissionais orientam sobre a importância de retornar ao serviço e agendam os atendimentos necessários.

As principais justificativas para o abandono, segundo os relatos acompanhados pelo CTA/SAE, envolve situações de deslocamento até a cidade de Toledo para consultas e exames, pois os pacientes perdem muitas vezes o dia de trabalho para realizar os procedimentos de coleta ou consultas; alguns alegam ‘que não sentem nada’, não apresentam sintomas da doença e, por isso, para de fazer o acompanhamento.

INCENTIVO AO ACOMPANHAMENTO – O incentivo para a volta do paciente é a conscientização do cuidado com a saúde, de manter o acompanhamento para prevenir o quadro, que já é crônico, para não se tornar mais agressivo e de mais difícil manejo para o paciente. Conforme Maiara, em alguns casos leves, mas que precisam também de monitoramento, os médicos dos municípios podem realizar esse acompanhamento, para evitar a evasão por dificuldades de deslocamento.

“Em 2020 e 2021, tivemos uma baixa procura para testagem e bastante abandono de tratamento, por estar passando pela pandemia do Covid-19, porém, aos poucos as pessoas estão voltando para as testagens nos Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e no CTA, bem como para os acompanhamentos e realização dos exames de PCR. O alerta é para que as pessoas procurem pelas testagens e façam o acompanhamento de modo regular, visto que existem várias complicações ocasionadas pelo vírus das hepatites e para evitar situações mais graves é preciso seguir o acompanhamento adequado”, conclui.

Medicamentos: tratamento correto ajuda pacientes a manterem qualidade de vida

A doença tem tratamento e permite que o paciente tenha mais qualidade de vida – Foto: Janaí Vieira

Ao seguirem com o acompanhamento no Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar), os pacientes com algum tipo de hepatite viral, além do suporte clínico, em relação às consultas e exames de rotina, também retiram a medicação na farmácia do Centro de Testagem e Aconselhamento/ Serviço de Atendimento Especializado (CTA/SAE). Esse serviço auxilia no monitoramento do tratamento visto que existe periodicidade para a retirada os medicamentos.

“Para ocorrer a entrega dos medicamentos, primeiro, é realizado um cadastro do paciente no Componente Especializado de Assistência Farmacêutica, no qual são inseridos os dados particulares e informações sobre o tratamento (medicamento prescrito, posologia e duração do tratamento); conferem-se os documentos solicitados pelo Estado (exames) e posteriormente é enviado o processo para Avaliação na Central do Estado”, explica a farmacêutica, Jaqueline Heck.

O processo de chegada do medicamento para as unidades dispensadoras demora em média 30 dias para tratamento da hepatite B e cerca de 90 dias para hepatite C. Após o medicamento chegar a unidade, o serviço entra em contato com o paciente para receber a medicação e logo após, passar em consulta com o médico. Jaqueline pontua que no atendimento com o profissional farmacêutico, o paciente recebe as informações sobre medicamento que iniciará o uso, posologia, duração do tratamento, efeitos colaterais possíveis de ocorrer e cuidados durante o tratamento.

EFEITOS COLATERAIS – A farmacêutica comenta que é comum a medicação causar efeitos colaterais. Ela cita que os principais efeitos colaterais que os pacientes relatam são: náusea, vômito, dor de cabeça, tontura, fraqueza e indisposição. Contudo, Jaqueline destaca que – na verificação na clínica – a maioria dos pacientes realizam o tratamento sem maiores reclamações e com resolução rápida dos efeitos colaterais.

Em relação as dificuldades em manter o tratamento, a farmacêutica destaca que estão as situações de necessidade de uso contínuo do medicamento e ocorrência de efeitos colaterais. Ela também acrescentar que o tratamento contínuo é uma das causas para o abandono.

EVOLUÇÃO – “O tratamento para hepatite, tanto B quanto C, evoluiu muito nos últimos alguns anos trazendo maior qualidade de vida ao paciente e possibilidade de redução dos danos causados pela doença, por exemplo a evolução para cirrose. Visto que o tratamento é de alto custo (entre R$ 5 a R$ 40 mil) e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com acompanhamento de uma equipe multiprofissional, desse forma, se espera o comprometimento do paciente e da equipe para não evolução de complicações e aumento dos custos do tratamento”, esclarece.

MAL A SAÚDE

As consequências do abandono são: evolução de fibrose hepática e cirrose. Outra possibilidade é em relação ao paciente que fez quimioterapia, se ele abandona o tratamento das hepatites pode ter insuficiência hepática aguda, isso no contexto da quimioterapia. Já as gestantes que deixam o tratamento também podem transmitir para o feto. Geralmente, quem abandona o tratamento são pacientes que não apresentam sintomas. Entretanto, quando aparece algum sintoma pode ser um indicativo de que a doença está em uma fase delicada.

DIAGNÓSTICO

É algo inesperado receber um diagnóstico positivo para algum tipo de hepatite viral, ainda mais em situações em que a pessoa não apresenta sintomas. Entretanto, com um parecer positivo é preciso seguir os tratamentos, usar os medicamentos recomendados e fazer os exames de rotina para evitar as consequências que a doença pode trazer. Em apenas 30 minutos o paciente recebe o resultado o teste rápido. Ele funciona como uma ferragem de triagem. Se o resultado apresentar reagente positivo, a pessoa realiza o exame convencional, depois é encaminhado para as consultas nas especialidades, que solicitam novos exames para avaliar a carga viral. Baseados nestes resultados iniciasse o tratamento adequado.

O QUE É HEPATITE?

A psicológica do Centro de Testagem e Aconselhamento/ Serviço de Atendimento Especializado (CTA/SAE) do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar), Maiara Graziella Nardi, explica que é hepatite é uma infecção que atinge o fígado e pode ser causada pelo uso de medicação, álcool ou transmitida por vírus. “Os tipos de hepatites mais comuns em nosso Estado são a B e a C. A hepatite B também é classificada como uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), já a hepatite C tem menor taxa de transmissão por esse tipo de contato”.

DOENÇA SILENCIOSA

As hepatites, silenciosamente, causam inflamação no fígado. Na maioria dos casos não apresenta sinais no corpo, isso dificulta o diagnóstico precoce e, consequentemente, seu tratamento. Febre, fraqueza, mal-estar; dor abdominal, enjoo/náuseas, vômitos, perda de apetite, urina escura, icterícia (olhos e pele amarelados) e fezes esbranquiçadas são os sintomas mais comuns das hepatites.

CONTAMINAÇÃO

A transmissão do vírus ocorre através do sangue e secreções sexuais. “Também pode ser transmitida via perinatal, ou seja, da mãe para a criança na gravidez, durante e após o parto. Isso pode acontecer se não ocorrer o tratamento, por isso, a importância de não abandonar em todos os casos”, destaca a psicóloga do CTA/SAE, Maiara Graziella Nardi. O tipo B geralmente é mais relacionada às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), por isso, ela é considerada mais recorrente. Enquanto que a C também acontece pelo contato com o sangue contaminado. O vírus pode permanecer vivo no ambiente por muitos dias, ou seja, se uma pessoa se cortou e o material que fez o ferimento estiver contaminado, mesmo que o sangue esteja seco, corre o risco de contaminar outra pessoa se vier a ter contato com a corrente sanguínea. A recomendação é ter cuidado em relação ao compartilhamento de objetos pessoais, como por exemplo, lâmina de barbear e alicates de unha, por exemplo. Por isso, é importante buscar os serviços de salões de beleza, barbearias, estúdios de tatuagem, entre outros estabelecimentos afins, que atendam dentro das normas de vigilância de saúde para que a transmissão da hepatite, entre outras doenças sejam evitadas.

Da Redação

TOLEDO