Pesquisa aponta alta de 5,48% no custo da cesta básica em julho

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Para adquirir os produtos essenciais para a subsistência é preciso desembolsar mais dinheiro. O preço dos alimentos teve um aumento no mês de julho de 2021 o que refletiu diretamente no valor da cesta básica. Segundo a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos divulgada pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR), o custo da cesta básica individual passou de R$ 489,84 em junho para R$ 516,70 em julho.

A segunda edição da pesquisa foi divulgada na última segunda-feira (16) pelo NDR da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo. Ela aponta que esse aumento é expressivamente maior que nos meses anteriores. Entre os meses de abril e maio, ocorreu um aumento no custo da cesta básica individual de 0,81% e, entre maio e junho, houve uma redução de -0,55%.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, professora e doutora Crislaine Colla, no período entre junho e julho ocorreu um aumento de 5,48%. “Nós observamos uma redução do poder de compra, principalmente, quando comparamos qual é o percentual do salário mínimo líquido que seria necessário para adquirir a cesta básica individual, que passou de 48,14% do salário-mínimo em junho, para 50,78% do salário-mínimo em julho”.

Ela ainda aponta que houve um aumento no tempo de trabalho necessário para adquirir a cesta básica individual e o valor. “Um trabalhador que ganha um salário mínimo em junho precisaria trabalhar 97,97 horas e, em junho ele precisaria trabalhar mais tempo, 103,34 horas. Também observamos que houve um aumento no custo da cesta básica familiar que passou de R$ 1.469,52 em junho para R$ 1.550,11 em julho”, complementa Crislaine Colla.

A pesquisa aponta que a cesta básica familiar é calculada considerando os custos alimentares de uma família de três pessoas. Assim como na cesta básica individual, houve um aumento de 5,48% no custo da cesta básica familiar, passando de R$1.469,52 em junho para R$ 1.550,11 em julho. Nesse sentido, um trabalhador que ganha um salário-mínimo não teria condições de adquirir a cesta básica familiar, uma vez que o valor de R$1.550,11 ultrapassa o valor do salário-mínimo em 52,34%, não conseguindo, dessa forma, arcar com as demais despesas domiciliares mensais.

PRODUTOS – A Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos traz mostra como o preço médio dos produtos da cesta básica entre junho e julho variou e quais produtos apresentaram variação positiva ou negativa neste período, além do impacto da variação de cada produto na cesta individual mensal.

Os produtos que apresentaram aumento no preço médio entre junho e julho foram o tomate (57,94%), o café (14,32%), a margarina (12,26%), o leite (4,40%), a carne (4,05%), o açúcar (3,49%) e a batata (1,56%). Por sua vez, os produtos que apresentaram redução no preço médio foram o arroz (-6,71%), o pão francês (-5%), a banana (-4,53%), o óleo de soja (-4,06%), o feijão (-3,97%) e a farinha de trigo (-1,62%).

O tomate e o café são os produtos que tiveram maiores variações de preço. “O aumento principal do tomate do café está relacionado aos fatores climáticos. O aumento do preço do café se refere a uma expectativa da quebra da safra em relação a geada, e o tomate está relacionado a fatores climáticos”, complementa Crislaine.

Em relação aos produtos que tiveram redução de preço, a coordenadora da pesquisa cita que a redução do preço médio do arroz ocorre em Toledo e em mais 14 capitais brasileiras. “É uma situação que se repete em vários lugares do país, apesar de ter ocorrido um aumento nas exportações do arroz e na demanda das indústrias, nós percebemos uma redução do preço médio. Já a redução do pão francês está relacionado a queda no preço da farinha de trigo”.

Crislaine destaca que é preciso analisar o impacto dessa variação de cada um dos produtos relacionados com a importância deles no total da cesta básica. “Observamos que entre junho e julho, o tomate foi o produto que teve maior impacto, a maior variação. Em seguida a carne, que teve um aumento de 4,05%, parece não ser um aumento tão significativo mas em função da importância que ela tem no total da cesta básica, é considerado um produto que teve o segundo maior impacto em relação ao total da cesta básica”, esclarece.

COMPARAÇÃO – A Pesquisa ainda exibe informações que permitem a comparação do custo da cesta básica individual de Toledo e de outros municípios e capitais brasileiras. As comparações são feitas entre Toledo e as cidades de Cascavel, Pato Branco, Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Curitiba (situadas no Paraná), além das duas outras capitais da Região Sul (Florianópolis e Porto Alegre) e das capitais selecionadas de cada mesorregião brasileira (São Paulo, Recife, Campo Grande e Belém).

Observa-se que, no mês de junho, o custo da cesta básica de alimentos de Toledo foi maior que o de Recife, Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos e mais barata que as demais, incluindo Cascavel e outras capitais selecionadas. A diferença entre Toledo (R$ 489,84) e Cascavel (R$ 512,03) foi de 4,53%, e com Florianópolis, a mais cara, foi de 31,75%.

No mês de julho, as cidades de Pato Branco, Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Recife continuaram com a cesta básica mais barata que a de Toledo. Comparando Toledo (R$516,70) com Cascavel (R$532,89), a diferença é de 3,13% e em relação a Porto Alegre, que tem o custo mais alto, a diferença é 27,13% menor.

“É importante ressaltar que, dentre as cidades analisadas, Toledo apresentou o maior aumento no custo da cesta básica entre junho e julho (5,48%), seguida pelas demais cidades do Oeste e do Sudoeste do estado do Paraná. Segundo o DIEESE (2021), o custo da cesta básica aumentou em 15 capitais brasileiras, indicando um padrão de aumento nesse período”, cita a Pesquisa.

OBJETIVO – A proposta da pesquisa é mostrar o preço médio e a variação no preço dos bens da cesta básica de alimentos; o valor total e a variação no custo da cesta básica de alimentos individual e familiar; o poder de compra do trabalhador pelo tempo de trabalho necessário para comprar a cesta básica; o percentual do salário mínimo que é destinado à compra dos produtos; e o salário mínimo necessário para adquirir a cesta básica para suprir as despesas de habitação, vestuário, transportes, entre outros. A pesquisa também traz informações comparativas com outros municípios e capitais brasileiras que utilizam como base a metodologia de cálculo do Dieese.

Para o cálculo da cesta básica, são coletados os preços de 13 produtos: carne (patinho, coxão mole, coxão duro), leite integral, arroz parabolizado, feijão preto, farinha de trigo, batata monalisa, tomate longa vida, pão francês, café em pó, banana caturra, açúcar cristal, óleo de soja e margarina. Foram selecionados estabelecimentos de Toledo e coletados os preços de três marcas de cada produto, calculando-se o preço médio do produto para cada estabelecimento e, posteriormente, o preço médio do produto entre todos os estabelecimentos.

Da Redação

TOLEDO