Mesmo com itens da Ceia de Natal mais caros, consumidores devem manter a tradição

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A Ceia de Natal é o momento para reunir a família e os amigos para celebrar o clima de união e de paz, aproveitando as festividades. Em 2021, o sentimento é de reencontro, já que muitas famílias não se reuniram no ano passado, devido a condição do quadro epidemiológico da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Se em 2020, os consumidores optaram por adquirir cestas básicas; em 2021, eles estão buscando os produtos tradicionais de uma Ceia de Natal. No entanto, quem gosta de fazer um jantar de Natal bem tradicional pode preparar o bolso, pois o investimento será maior neste ano. Os alimentos estão entre os itens que mais dispararam e pressionaram a inflação em 2021, podendo deixar a ceia em até 11% mais cara do que no último ano.

A gerente um Supermercado de Toledo, que preferiu não se identificar, relata que o consumidor, em 2020, optou por comprar cesta básica para presentear alguém ou até mesmo um familiar. Em 2021, o cenário é diferente e os ingredientes para compor a Ceia de Natal estão sendo adquiridos. “No ano passado, a pandemia evitou a reunião de famílias. Além disso, muitas pessoas perderam entes queridos para essa doença. Com isso, neste ano, as pessoas desejam se reunir. Querem estar próximas para comemorar a vida, porque não sabemos o dia de amanhã. Por isso, todos querem viver o hoje”.

As carnes, o panetone, as bebidas e as frutas estão sendo os produtos mais procurados e adquiridos. “Também observo que as famílias buscam compor uma Ceia de Natal com um visual bonito e noto que a cereja, apesar do valor agregado, está com uma boa saída. As pessoas querem receber bem os seus amigos ou familiares e desejam oferecer uma Ceia de Natal gostosa e bonita”, menciona a gerente ao comentar que as aves não apresentaram um reajuste tão considerável. “É fato que as pessoas não abrem mão em adquirir uma ave natalina. Neste ano, é preciso valorizar – ainda mais – a família. Nós devemos viver e valorizar o nosso presente”.

VARIAÇÃO DE PREÇO – Em outro supermercado de Toledo, o gerente – que também optou por não colocar o seu nome – compartilha da ideia que as famílias desejam se reunir neste ano e buscam por produtos para organizar uma Ceia de Natal. A movimentação no estabelecimento acontece desde a última segunda-feira (20).

Ele analisa que entre os anos de 2019 e 2021 os valores dos produtos da Ceia de Natal oscilaram em 25%. Entre 2020 e este ano, o aumento é de cerca de 10%. “É um acréscimo considerado dentro da normalidade. Muitos produtos, tiveram os seus preços alterados devido à crise na embalagem”.

Muitos produtos (em conserva) não foram envazados. “O mercado sofre a falta de matéria-prima, como vidro, plástico ou lata. Entre os produtos – em que muitas embalagens são alternativas – estão o palmito e a azeitona”, comenta o gerente.

Superada a falta de matéria-prima das embalagens, as aves natalinas são as principais aquisições dos consumidores. “O cidadão tem optado por comprar um chester ou um fiesta ao invés do peru. A cada dez compras dessas aves, um peru é adquirido. No passado, essa carne era considerada mais cara. Atualmente, os valores são praticamente iguais”, menciona o gerente.

Quando o assunto é presentear, o item mais adquirido no supermercado tem sido a caixa de bombom. De acordo com o gerente, o bombom é uma alternativa e ele está com um valor menor em relação, por exemplo, ao panetone. “De maneira geral, o comportamento do consumidor está dentro de uma normalidade, considerando as comemorações de final de ano”.

VARIAÇÃO – Para o economista Jandir Ferrera Lima, a alimentação se encontra em um cenário de alta no alimento devido a uma série de fatores, como a variação cambial, a pandemia ou a crise hídrica que afetou a produção de diversos itens, os quais compõem a mesa do brasileiro.

Lima acredita que a variação cambial deve permanecer instável, por mais que o real tenha se desvalorizado bastante continua instável. “Se espera que a terceira e a quarta ondas da Covid-19 se estabilizem por meio da vacinação ou de medicamentos eficazes. Com isso, a tendência será recompor as chamadas cadeias produtivas que se desestruturaram com a crise da Covid-19. Por consequência, reestabelecer a logística e o fluxo das mercadorias e atender todos os mercados”.

Para o Banco Central, existe a expectativa em que os preços se estabilizem ou até diminuam no próximo ano. “Enquanto, a inflação que deve chegar entre 9 a 12% neste ano. Em 2022, ela deve ficar em 5%, porém cabe lembrar que inflação estabilizada não significa queda de preço no final. Depende de fatores climáticos ou de custo de produção que está bem complicado, entre outros itens”, pondera o economista.

PESQUISA – No geral, o comportamento ideal do consumidor é realizar a pesquisa de preço do produto que pretende adquirir. Ele explica que existem variações de preços nos mesmos itens entre os comércios. “Isso já é um fato, pois os supermercados possuem condições de negociações diferenciadas”.

Conforme o economista, outra opção para o consumidor economizar é substituir as marcas e os produtos. “Existem produtos similares nos mercados e eles podem atender o perfil do consumidor diversificando ou complementando a ceia. É possível substituir a marca ou o item. Desta maneira, não onera a compra da população”.

Do contrário, a economia de Toledo poderá sentir reflexo, porque quanto mais as pessoas gastam com alimentos, mais elas necessitam expor o seu orçamento para atender a despesa da cesta básica. “Desta maneira, menos dinheiro é utilizado para as compras no comércio, para quitar dívidas ou fazer outro tipo de aquisição no comércio local, porque afeta o comércio de bens”, destaca o profissional.

De acordo com o economista, o orçamento do consumidor, de maneira geral, foi muito afetado pelo setor de alimentos neste ano. “Os dados da cesta básica de Toledo demonstraram o aumento de praticamente 15% no acumulado do ano”.

Além disso, no começo do próximo ano, o consumidor tem outros compromissos financeiros, como IPVA, IPTU, material escolar, enfim. “Não houve modificação nestes tributos em termos de diminuir o peso ao consumidor no próximo ano. Inclusive o parcelamento destes tributos não é alongado”, relata Lima.

RECOMENDAÇÃO – Para o consumidor não sentir o peso dos impostos em seu orçamento logo no começo de 2021, a orientação repassada pelo economista é reorganizar as finanças para que as pessoas não fiquem endividadas. “Elas precisam se preparar para o começo do ano. Por isso, a pesquisa de preço é sempre a melhor alternativa. O consumidor deve estar atento e o que não é tão importante substituir, complementar ou buscar outras alternativas sem comprometer o orçamento”. Em síntese, um ingrediente que possui um valor acessível para todas as pessoas e que não pode faltar na Ceia de Natal é o amor. E o investimento pode ser realizado por todas as famílias.

Da Redação

TOLEDO