Melhor idade conectada: interesse por tecnologia promove a interação

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A idade não limita o avanço daquele que deseja estar conectado. Cada vez mais o público idoso tem apresentado mais interesse pelas tecnologias, especialmente, aquelas que estão voltadas ao uso de aplicativos, afinal, a conectividade pode acontecer com um click e está na palma da mão.

“O desejo em manter mais contato com familiares e estar sempre atualizado faz com que o público idoso esteja mais conectado e busque mais informação sobre o assunto”, cita a psicóloga, Jane Prati. “A pandemia teve um intenso impacto nesse interesse vindo dos idosos”.

Jane comenta que o distanciamento fez com que o público idoso passasse a ter esse interesse para nutrir as necessidades – que naquele período era estar mais próximo dos familiares de maneira virtual. Ela destaca que o avanço tecnológico na comunicação ocorrido nas últimas décadas atinge todos os públicos e promove o ato de comunicar-se de mais rápida, mais simples, mas com a mesma finalidade.

Segundo a avaliação de Jane, diversos idosos aceitaram um aparelho de telefone mais moderno após se depararem com a distância dos familiares. “Saímos das cartas, dos telegramas, para a agilidade de uma mensagem instantânea. Falamos de uma geração mais tradicional, mais resistente para novidades, mas que está se rendendo as tecnologias”, pontua ao citar que diante da insistência dos mais jovens, os idosos têm notado que essas ferramentas tecnológicas são muito importantes.

CADA VEZ MAIS CONECTADOS – Para a profissional, é fundamental que a melhor idade se sinta participante ativo nas conversas, que a tecnologia seja aplicada e utilizada, mas que eles não fiquem excluídos. Escrever tudo junto, usar o # e outras abreviações e emojis faz com que as pessoas com mais idade não fiquem acomodadas. Segundo a psicóloga, isso faz com eles busquem conhecer essa linguagem, instiga e melhora a comunicação entre eles e com os mais jovens, pois a linguagem fica facilitada.

“É interessante apresentar as novidades com o objetivo de que os idosos venham a conhecer coisas novas, tudo de acordo com as limitações de cada um e com o interesse em aprender, pois a intenção é promover a interação e não distanciar ainda mais”, destaca ao enfatizar que é muito mais importante interagir do que fazer com que isso não aconteça.

OS ENCANTOS DA CONECTIVIDADE – O aposentado, Antenor Santana, sempre gostou de escrever cartas, ler poemas e falar ao telefone (modelo convencional/fixo), mas teve que aprender a usar um aparelho celular, baixar aplicativos e estar conectado.

“Confesso que até 2020 essas questões tecnologias não me encantavam em nada. Achava muito interesse poder falar com os parentes distantes em uma chamada de vídeo, mas sempre deixava isso por conta dos netos, quando eu queria falar era só pegar o telefone de linha, discar a sequência numérica de ligar, ou programar as viagens que eram feitas de duas a três vezes ao ano. De repente, tudo mudou e eu tive que mudar também”, brinca ao reconhecer que deseja comprar um aparelho de celular mais moderno.

Santana relata que antes tinha uma visão de que o celular afastava as pessoas que estão próximas, ou seja, pessoas na mesma sala não conversavam entre si, pois preferiam estar conectadas, nas mídias sociais, ou em busca de conteúdos que as deixavam fora das conversas habituais. “Não que isso tenha deixado de acontecer, mas passei a notar de maneira diferente esse comportamento e dar valor as tecnologias, coisas que antes eu não aceitava muito bem”.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS – Se antes o vovô Antenor ajudava os netos nas redações escolares, hoje, são os netos que ajudam na ‘linguagem tecnológica’. “Como eu sempre gostei de ler e escrevia cartas para todos os familiares, era eu quem ajudava os filhos nas lições de língua portuguesa e depois os netos, mesmo com todas as mudanças do acordo ortográfico. Confesso que na linguagem utilizada nos aplicativos eu ainda tenho dificuldades e preciso de ajuda para entender, principalmente, por se tratar de uma linguagem que constantemente sofre interferências de outras línguas e abreviações”, comenta.

A utilização de símbolos e desenhos, economizar caracteres, esquecer a maioria das vogais e mesclar expressões do português e do inglês são algumas ações normais da comunicação virtual que acabam criando uma linguagem única entre os conectados. O intuito é deixar a conversa mais ágil, mais prática, mais simples, entretanto, nem sempre é isso que acontece, especialmente, quando envolve público com uma significativa diferença de idade.

“Faço meus filhos e meus netos darem muitas risadas com minhas conversas, mas o que vale é tentar, não é mesmo”, brinca o aposentado. “Quando a conversa fica confusa – para eu, pois para eles é normal – o vovô já manda áudio sendo claro e lembrando eles que tenho muita idade para entender de primeira o que eles escrevem com pouca gramática. Brinco que cada vez mais tudo vai sendo abreviado, mas o importante é manter a comunicação e não excluir as pessoas, principalmente, aquelas com mais dificuldades”, conclui.

Da Redação

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